Câncer de Laringe

O Papel da Radioterapia e da Quimioterapia no Câncer de Laringe

O câncer de laringe é o mais comum dentre os cânceres das vias aéreo-digestivas de cabeça e pescoço, estando seu surgimento ligado ao tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas na maioria dos casos.

A laringe, do ponto de vista didático, pode ser dividida em três porções, a região supraglótica (acima das pregas vocais), a região glótica (onde estão localizadas as pregas vocais) e a região infraglótica (abaixo das pregas vocais). Mais comumente os tumores acometem a região da supraglote e glote, sendo o acometimento inicial da infraglote muito raro.

imagem-CâncerLaringe

 

 

 

 

 

 

 

câncer na laringe
Para o câncer de laringe, seja qual for seu estágio, existem duas principais modalidades de tratamento: a cirurgia e a radioterapia, acompanhadas de quimioterapia ou não.

A radioterapia consiste em um tratamento local no qual são utilizadas radiações ionizantes, como os Raios-X ou os Raios Gama, a fim de matar as células tumorais, levando assim à erradicação do tumor. O tratamento em geral é realizado cinco vezes por semana, uma ou duas vezes ao dia, em um total de 28 a 35 dias de tratamento.

Em estágios iniciais da doença, a radioterapia utilizada de maneira exclusiva é uma alternativa à terapia cirúrgica, oferecendo altas taxas de controle local e sobrevida, além de permitir, na maioria das vezes, preservação da voz e da função laríngea.

Uma desvantagem a este tratamento é o fato de que, uma vez aplicada a radioterapia, esta arma terapêutica não mais poderá ser aplicada em casos de e persistência (não eliminação completa da doença) ou recidiva (retorno) do tumor. Nestas situações a única alternativa de tratamento é a cirúrgica (cirurgia de resgate), porém com maiores índices de complicações pós-operatórias, como dificuldade na cicatrização na área operada.

Microcirurgia

Outra opção nos tumores iniciais é a laringectomia parcial, com preservação da capacidade fonatória.

Há, inclusive, casos em que a cirurgia pode ser feita sem necessidades de incisões no pescoço, ou seja, através de microcirurgia de laringe.

Combinação Cirurgia-Radio-Quimioterapias:

Caso, no pós-operatório de uma laringectomia parcial sejam identificados fatores que possam levar à recidiva da doença – como margens cirúrgicas positivas ou próximas, linfonodos comprometidos pelo tumor, invasão perineural ou invasão angiolinfática- a radioterapia deve ser empregada de modo a diminuir a chance de recidiva (adjuvância).
Nos casos em que haja extravasamento extracapsular dos linfonodos metastáticos ou margens cirúrgicas comprometidas, a quimioterapia poderá ser usada concomitante a radioterapia.

Em estágios mais avançados, a radioterapia associada a quimioterapia oferece também uma alternativa ao tratamento cirúrgico, de maneira a ser evitada uma laringectomia total. É importante frisar, porém, que o paciente deve ter uma laringe que esteja funcionando para se tentar este tipo de tratamento, já que não há sentido em não se operar um paciente que já está sem voz, com destruição da cartilagem ou aquele no qual haja entrada de saliva e alimentos nas vias aéreas, uma vez que haverá persistência ou até piora destes sintomas com o tratamento conservador. Os casos avançados, mesmo que submetidos a cirurgia inicialmente, devem receber radioterapia de maneira pós-operatória a fim de diminuir as chances de retorno da doença no mesmo local.

Preservação de Órgão: Radio e Quimioterapias

Nos casos em que haja uma boa função da laringe e não comprometimento de cartilagens, a radioterapia conjunta com a quimioterapia, conhecida como preservação de órgãos, é uma boa opção. Em um estudo norte-americano tendo comparado a radioterapia, com radioterapia concomitante a cisplatina (um tipo de quimioterapia), com quimioterapia antes da radioterapia com duas drogas (cisplatina e 5-fluoracil). Neste estudo, os pacientes que fizeram a radioterapia junto com quimioterapia apresentaram taxas melhores de preservação de laringe que os outros dois grupos. Atualmente, não há estudos que certifiquem a superioridade de sobrevida entre as opções cirúrgica e de preservação de órgão.

O uso de quimioterapia antes da radioterapia, ou antes da radioterapia associada a quimioterapia, ainda é algo controverso. Os benefícios possíveis desta abordagem estão em selecionar pacientes para a radioterapia conforme a resposta, reduzir o tamanho da doença para melhorar a terapêutica local, e tentar erradicar doença metastática microscópica. Dentre as desvantagem podemos citar um aumento da toxicidade que pode resultar em uma dificuldade em completar o tratamento, e o aumento do tempo total da terapêutica.

Especialmente em casos muito avançados, nos quais não exista a possibilidade de cirurgia, o tratamento consiste na realização inicial de quimioterapia com três drogas (cisplatina, 5-fluoracil e docetaxel), seguida de radioterapia com o uso também de alguma quimioterapia baseada em platina (carboplatina). Quando comparado com um esquema que utiliza apenas duas drogas (cisplatina e 5-fluoracil) antes do início da radioterapia, este tratamento oferece maior sobrevida global e melhor controle local. Esta mesma abordagem tem sido utilizada em alguns casos operáveis, a fim de aumentar as taxas de preservação de laringe, porém nunca foi comparada diretamente em estudos com a radioterapia com quimioterapia concomitante, devendo esta abordagem ser restrita a pacientes incluídos em estudos investigacionais.

Apesar de cada vez mais termos opções terapêuticas para o câncer de laringe, ainda a melhor conduta é adotar medidas preventivas, como cessação de tabagismo e etilismo, bem como o diagnóstico precoce. Por isso, procure um especialista aos primeiros sintomas.

Exames para a avaliação laríngea

Atualmente, com a modernização do sistema de fibras e imagens, consegue-se avaliar a anatomia e função laríngeas de maneira simples, indolor e sem necessidade de anestesia.

Há 2 tipos de exames que têm o objetivo de olhar a laringe por dentro através de imagens: a vídeo-nasofibroscopia e a vídeo-estroboscopia laríngea.

No primeiro se introduz uma fina câmera pelo nariz e, no segundo, pela boca.

Ambos são feitos em consultórios médicos, com paciente sentado e acordado, sem necessidade de anestesia. Dura poucos minutos e o paciente sai após instantes, com o resultado na hora.

Caso seja visualizada alguma lesão que mereça uma biópsia, muitas vezes, a mesma pode ser realizada no mesmo momento.